segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Vale da Sombra da Morte - poema de Rui Duarte

Na página "O misterioso Jesus" do facebook, foi publicado o "Vale da Sombra da Morte" - poema de Rui Duarte

 que transcrevo abaixo com a devida vénia.

http://www.facebook.com/notes/o-misterioso-jesus/vale-da-sombra-da-morte-poema-de-rui-duarte/157472797600422

"Perguntou-lhe Simão Pedro: Para onde vais Senhor?" Jesus respondeu-lhe: "Para onde eu vou, tu não me podes seguir agora, mas hás-de seguir-me mais tarde."Evangelho de João, 13:36 (versão A Biblia para Todos, pág.2133) 

Não podes, querido amigo,seguir-me agora
sabes, tenho uma estrada diante de mim
que tu não conheces
pés nenhuns foram nela ainda
experimentados
o couro de sandálias nenhumas
nas suas pedras jamais se gastou

Querido amigo
o céu aqui não é de açucenas
os penedos são gigantes, espessos
ao passarmos rente a eles
acendem um véu negro no rosto
do abismo
o chão não é de pétalas
tem arestas é pontiagudo
como pregos que não sossegam
o sangue

Sei que nele
há um vale da sombra
é todo o céu e toda a terra
em peso sobre a minha cabeça
sombra da morte mais temível
do que a própria
morte

esse vale foi moldado à forma
rósea do meu corpo
o meu sangue foi-lhe
desde a eternidade prometido
poderei eu estancá-lo?

Só eu,
querido amigo
só eu posso atravessá-lo

deixa-me ir, querido amigo,
até à outra fímbria do vale

lá as águas dos riachos
têm a cor do sol
então à chamada virás
dirás que vens da minha parte

e no prado dos teus olhos
desenrolar-se-á,
até o perderes de vista, o verde

18/03/2010

Rui Miguel Duarte.

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